segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Minha melhor amiga abusiva

Parece estranho falar assim de uma amiga, mas foi exatamente o que eu passei com minha amiga Virgínia*. Tive um relacionamento abusivo e completamente tóxico com uma mulher que se dizia muito minha amiga, para dizer a verdade, para mim ela era como uma irmã, mas no começo o que parecia um conto de fadas, que seríamos BFFs (Best Friend Forever), acabou terminando de uma maneira nada agradável!!!!

Comecemos do começo!!!!
Eu estava praticamente me divorciando e tinha um grupo de amigas e uma delas me apresentou a Virgínia. Uma menina arretada, vinda do interior, como tantas outras para tentar melhorar de vida... E logo que ela chegou me identifiquei com ela, talvez por seu jeito acolhedor e fala forte – muito parecida comigo!!!!
Umas duas semanas depois dela chegar eu acabei saindo da casa que morava com meu ex-marido e foi ela que me consolou por horas a fio. Suportou meu choro, minha raiva, minhas reclamações e me acompanhou ao longo das semanas seguintes.
Ao me separar acabei voltando para a casa da minha mãe, mas precisava do meu canto e Virgínia precisava sair da casa de uma amiga em comum... Juntamos o útil ao agradável, pois nos dávamos muito bem, e alugamos uma casa, mesmo com todo mundo falando que eu era louca de ir morar com uma pessoa que eu mal conhecia!!!!!
Aí foi só festa, baladas, bebedeiras, confidências, e quantas confidências!!!! Conhecemos muitas pessoas, fomos a muitas festas, e de repente tudo começou a se tornar estranho!!!
Ela não parava em nenhum emprego e eu acabei sustentando a casa, comprando comida, e pagando suas baladas e cigarros!!!! Ganhava bem naquela época e não me sobrava um real!!!! “Mas ela me ajudou muito quando me separei, eu devo isso a ela”, eu pensava.
Ela começou a brigar comigo na frente de todo mundo, me fazia passar vergonha e eu pensava: “mas ela me ajudou, devo isso a ela”
Tudo começou a desmoronar... “Mas eu devia isso a ela”.
Todos me falavam que nosso relacionamento era tóxico, problemático e que eu deveria me impor mais... E eu pensava que as pessoas não a entendiam, ela sofria muito, estava perdida e eu tinha certeza que minha “missão” era ajudá-la a se erguer, afinal, “eu devo isso a ela”. E aguentei coisas que não suportaria nem da minha mãe!!!!
Mas nada do que eu fazia era suficiente, vivíamos mais entre tapas do que beijos!!! E por causa disso Tudo na minha vida pareceu se estagnar, eu não saia do lugar, nada me acontecia de bom, vivia no meio de uma tempestade!!!
Foi quando finalmente um “click” se deu na minha cabeça e eu comecei a perceber – depois de muita terapia – que eu não devia mais nada a ela. Virgínia era responsável por todas as coisas erradas da vida dela e não adiantava eu querer ajudar, se ela mesmo não se ajudava e não aceitava a minha ajuda!!!!
Comecei a me afastar... e foi quando o término aconteceu!!!!
Tínhamos uma festa para ir e eu não queira de jeito nenhum sair de casa... pois ela insistiu por três dias e eu acabei aceitando. Só que no dia da “bendita” festa ela surtou (não lembro o porquê, afinal era tão comum) e disse que não iria mais. E assim se deu início a uma discussão homérica, que só terminou com a intervenção de amigos para que não saíssemos no tapa. Por fim fomos à festa, no meu carro e ela sem nem olhar na minha cara!
Ficou a festa inteira sem falar comigo... como se eu fosse uma completa estranha...
Deste dia em diante foi ladeira abaixo, até que três dias depois meu avô faleceu e ela nem se deu ao trabalho de me dar um abraço e me dizer que sentia muito!!!!
Foi quando realmente percebi que nada de bom estava vindo daquela relação. Virgínia era uma menina mimada e cheia de caprichos sustentados por mim com a desculpa de que ela tinha me ajudado muito!
O que eu fiz por ela nunca fiz por ninguém. E eu que sempre tive relacionamentos abusivos com homens me vi em um desses agora com uma mulher!!!! Confesso que tive bons momentos com Virgínia; ela realmente me ajudou nos primeiros dois meses, mas nos outros 10, em que fomos “melhores amigas”, tivemos mais desentendimentos do que bons momentos!!!!
Depois do enterro do meu avô não voltei mais para “nossa” casa, juntei minhas coisas e fui morar com minha mãe!!!!
Hoje o que eu tiro disso? Que nunca se deve confiar demais em ninguém! Tenho amigos e amigas maravilhosos, que eu amo, mas irmão pra mim só tem um, que saiu do mesmo ventre que eu!!! Os outros são pessoas que eu convivo com frequência, mas cada um no seu quadrado!!!
Virgínia? Não sei mais onde está nem o que faz, mas eu torço para que ela seja tão feliz quanto eu sou e que tenha aprendido que amizade como a que tivemos só nos arrasta para um precipício difícil de escalar quando o relacionamento termina!!!!

* O nome Virgínia é fictício

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